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domingo, 13 de novembro de 2016

Japa Mala!

Por uma cultura de paz Japa Mala!
      Voz alta, voz baixa, mentalmente. <3


A palavra japa, em sânscrito, significa ‘sussurrar’, ‘murmurar’ alguma oração ou mantra repetidamente. Japa-mala é o colar de contas com o qual se conta o número de repetições, que em geral são cento e oito.





Há três maneiras de se fazer japa: em voz alta, em voz baixa e mentalmente. Em geral se começa a disciplina em voz audível suave; depois, passa-se para o murmúrio em que o som quase não é ouvido, mas a boca e a língua fazem o movimento de fala; por fim, deixa-se o mantra ser repetido apenas na mente. Apenas essa última forma é considerada meditação, já que esta é definida como uma atividade exclusivamente mental. A meditação é a forma superior de japa, e a que dá mais resultados.

E quais são esses resultados? São dois: o foco mental, e a conexão com Deus, Ishvara, por meio da qual os conflitos emocionais são atenuados e claro, é estabelecida uma relação próxima com a Mãe Divina. Não confunda o meio com a finalidade! rs

O foco mental, citta-ekagrata, é a capacidade da mente de seguir um fluxo de pensamentos direcionado a um mesmo objeto, sem distrair-se em pensamentos relacionados a outros objetos. Em geral, a mente humana funciona associativamente: aquilo que faz um pensamento surgir de outro é alguma livre associação. Por exemplo, podemos estar olhando para a rua enquanto passa um carro vermelho, e então a mente começa: “Que bonito esse carro. Vermelho! A fulana, minha ex-namorada tinha um carro vermelho. O que será dela? Será que ela acabou a faculdade? Acho que não, porque ela estava trabalhando na empresa do pai. Ele nunca foi com a minha cara. Era um babaca!”
A mente vai do carro vermelho à raiva do pai da ex-namorada sem nenhuma dificuldade, por livre associação. Não há nada de errado nesse funcionamento, e todas as mentes trabalham assim. Contudo, também é verdade que esse mecanismo de livre associação deve poder ser interrompido por nós quando necessário. Por exemplo, para escrever ou ler esse texto a nossa mente deve poder encadear os pensamentos em uma certa ordem, sem se perder a todo momento em livre associações. 

O mecanismo de livre associação da mente, ademais, é o responsável por grande parte da nossa tristeza, aquela que aparece sorrateiramente, ‘sem motivo’. Na verdade há um motivo; há um caminho percorrido pelo pensamento na forma de livre associações que em geral desembocam em algum autojulgamento que nos deixa tristes. Esse mecanismo pode se dar um pouco abaixo do nosso nível consciente, e por isso não nos damos conta dele até que percebamos que estamos tristes.

O exercício de japa nos dá o conhecimento desses ‘caminhos’ da mente e a capacidade de não sermos capturados por eles, porque à medida em que repetimos o mantra escolhido a mente naturalmente irá desviar-se para esses pensamentos automaticamente encadeados, e o nossa trabalho é apenas reconhecer que nos desviamos do mantra e retornar a ele, abandonando aquela cadeia de pensamentos. Nesse processo, com o tempo de prática diária, a pessoa se torna ‘dona’ da sua própria mente, e os automatismos do pensamento perdem o amplo domínio que antes exerciam sobre ela. Não que a mente deixe de funcionar no modo da livre associação (o que seria um desastre para toda alegria, relaxamento e criatividade da vida), mas esse modo deixa de exercer um domínio tirânico sobre a pessoa.

Esse é o benefício mais ‘mecânico’ da prática de japa. Existe outro, que deriva da conexão que estabelecemos com o significado do mantra repetido. O mantra ou oração sempre se remetem de alguma maneira a Deus. A forma e nome de Deus são escolhidos pelo professor de acordo com o conforto e familiaridade da pessoa com relação àquele nome e forma. O mantra a ser repetido também contém sempre uma saudação e rendição a Deus, de um modo ou de outro. Mesmo o Pai Nosso cristão contém o “Seja feita a vossa vontade”, que equivale ao namah indiano contido nos mantras. Essa rendição a Deus na forma da ordem que permeia todo o universo vai criando no praticante a sensação de que ele mesmo – assim como o universo a sua volta – está em ordem. Todo o passado conturbado da pessoa, junto com seus pensamento e emoções presentes são validados na apreciação dessa ordem. Assim, japa causa também um relaxamento profundo da personalidade conhecido em Vedanta como citta-shuddhi, a pureza da mente.



Citta-ekagrata, o foco da mente, e citta-shuddhi são as duas qualificações básicas para o estudo e entendimento de Vedanta. Sem o primeiro, o aluno não consegue acompanhar as explicações da aula, meticulosamente encadeadas pelo professor, e se perde em algum momento pensando se fechou ou não fechou a janela da sala antes de sair de casa. Sem o segundo, a pessoa não tem o relaxamento necessário para assimilar o fato entendido na aula de que ela já é livre.


Referências: 
JAPAMANTRAMENT.

2 comentários:

  1. Oi, Érika...
    Olha, a gente vai fazendo as coisas e nem se dá conta disso tudo. E é verdade, um olhar puxa outro e outro e por fim chegamos ao início de tudo.
    A oração é necessária sempre, mas não aquela oração automática, mas a oração profunda, onde nos entregamos por completo, no silêncio, no recluso... E a paz sempre se faz presente.
    Agradecer sempre, por tudo, também é necessário.
    E por fim essa imagem do celular, ah, menina, preciso fazer isso urgente!
    Uma linda semana, beijos!

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  2. Olá Érika! Muito bacana o seu texto sobre o japamala. Parabéns!

    Gostaríamos de convidá la a conhecer nossos japamalas e outros colares de contas para meditar, orar ou se divertir.

    Acesse www.maosocupadas.com.br e venha conhecer nossa proposta.

    Um abraço,
    Mãos Ocupadas

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